Em meados de 2003, a então Bovespa deu início a um pro - jeto pioneiro na América Latina: criar uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas lista - das na Bolsa sob o olhar da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Para isso, a Bolsa convidou diversas organizações – entre elas o recém-cria - do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EAESP (GVces) – para fazer parte de um grupo de trabalho com a missão de criar um índice com essas características.
Com um financiamento inicial garantido pela Internatio - nal Finance Corporation (IFC), braço privado do Banco Mundial, a metodologia de seleção de empresas para a carteira do índice foi desenvolvida pelo GVces, a partir de um processo que envolveu a consulta a stakeholders bra - sileiros, juntamente com uma pesquisa aprofundada so - bre referências teóricas e práticas de sustentabilidade em - presarial que poderiam ser incorporadas ao índice. Nesse esforço, mais de 800 indicadores foram identificados e, a partir de uma análise de redundância e complementari - dade, o questionário de seleção foi tomando forma, com sete dimensões, cada uma delas com coordenação pró - pria, porém consideradas de forma integrada: Ambiental, Social, Econômico-Financeira, Governança Corporativa, Geral, Natureza do Produto e Mudanças Climáticas.
Apoiado em metodologia original, desenvolvida nesse amplo processo de diálogo e superação de controvérsias, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) foi criado e apresentou sua primeira carteira de ações em dezembro de 2005, tornando-se o quarto índice desse tipo no mundo – o primeiro foi o de Nova Iorque (Dow Jones Sustainabi - lity Indexes – DJSI); o segundo, o de Londres (FTSE4Good); e o terceiro, o de Joanesburgo (JSE). Seu objetivo é atuar como indutor de boas práticas no meio empresarial brasi - leiro e ser uma referência para o investimento orientado ao desenvolvimento sustentável. Para tanto, reflete o retorno médio de uma carteira teórica de ações de até 40 empresas de capital aberto e listadas na BM&FBOVESPA, selecionadas anualmente entre aquelas com maior liquidez e por se des - tacar pelo conjunto de práticas relacionadas à sustentabili - dade que adotam. O ISE tem ainda como parceiros a KPMG (na asseguração de processo) e a Imagem Corporativa (no monitoramento de imprensa).
Seu mais alto nível de governança – responsável pela aprovação da metodologia e pela escolha das empresas que comporão a carteira a cada ano – é o Conselho De - liberativo, presidido pela BM&FBOVESPA e composto de mais dez entidades: Associação dos Analistas e Profissio - nais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec – vi - ce-presidente do CISE), Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Asso - ciação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Instituto Brasileiro de Governança Corpo - rativa (IBGC), Instituto Ethos de Empresas e Responsabili - dade Social, International Finance Corporation (IFC), Pro - grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A cada ano, são convidadas a participar do processo seleti - vo as empresas emitentes dos 200 papéis mais líquidos da BM&FBOVESPA. A avaliação das empresas que se inscrevem no processo é realizada em dois âmbitos: quantitativo (de - sempenho frente às perguntas do questionário) e qualitati - vo (verificação amostral dos documentos comprobatórios das respostas dadas). Uma vez constituída a carteira teórica com papéis das empresas selecionadas, o índice é calcula - do pela BM&FBOVESPA em tempo real ao longo do pregão, considerando o preço dos últimos negócios efetuados no mercado à vista.
O ISE conta com uma opção ao investidor atento à agenda da sustentabilidade, que é o ETF ISU11 (fundo de índice), listado em 31 de outubro de 2011. Os fundos de índices, conhecidos no mundo todo como Exchange Traded Funds (ETF), são espelhados em índices e suas cotas são negocia - das em bolsa da mesma forma que as ações.
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